22 novembro 2011

sempre

deram as mãos. passaram a caminhar juntos, olhando para frente. ouviam apenas o estalar dos sapatos nas folhas secas. o outono acabara e a primavera dava as caras no tempo, mas ainda havia muitas folhas no chão – com o tempo elas sumiriam por conta própria, esfacelando-se no vento.

“o que você vai fazer agora?” ele perguntou.

“ainda não sei bem. talvez eu me mude. estava pensando na bahia, uma daquelas cidades á beira mar. viver da pesca ou do artesanato.”

“você vai ter paciência?”

“a paciência foi o que mais exercitei neste ano, embora eu a tenha perdido muitas vezes, mas acho que posso coloca-la em prática para viver uma nova vida.”

“ainda vai continuar escrevendo?”

“eternamente.”

“vou ler sempre. prometo.”

“está bem.”

soltaram as mãos devagar, deixando que os dedos se separassem lentos uns dos outros escorrendo para a distância. sabiam que havia chegado ao fim. não o amor, mas a união.

ela continuou andando. ele ficou parado olhando para os cabelos dela se bagunçando no vento fraco, ficando longe, devagar, á passos lentos. ela não olhou para trás. estava decidida. não guardava mais raiva, nem mágoas. queria apenas mudar de ares agora, ver algo realmente novo. não estava disposta a se arriscar, apenas a fazer algo diferente, no entanto, confortável.

ele voltou-se para o lado oposto pondo-se a caminhar. não chorava mais, sentia apenas saudade. não era forte ainda, mas seria...

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