21 setembro 2010

entre quatro parênteses # diálogos [2]

Meu exílio!/ É em seu corpo inteiro/ És meu país estrangeiro/ Ah! Como eu gosto de você.../ Me deu o dedo/ Eu quis o braço e muito mais/ Agora estou a fim/ De ficar entre os seus rins
Ira! – entre seus rins

Ela se olhava no espelho
Nua, observava o próprio corpo
Virava-se de costas
Espiava...

- estou tão gorda...
- não está não...
- olha o tamanho da minha bunda! e essas celulites, essas estrias.
- não estou vendo nada aí, e quanto ao tamanho da sua bunda... bem, eu gosto. gosto bastante até!
- engraçadinho...
estou ficando velha. logo você não vai achar tão bonito assim o tamanho da minha bunda caída. os meus braços pelancudos e meus peitos murchos.
- eu gosto dos seus peitos. gosto como eles cabem direitinho nas minhas mãos. gosto como são macios e como se arrepiam quando eu passo a língua.
- você é tão tonto! eu estou falando sério.
- eu também. e eu também gosto quando os seus braços se enroscam no meu pescoço e de como eles dificultam que eu chegue ao seu pescoço. eu gosto do jeito que seus braços se prendem em mim e me apertam e mesmo pequenos me envolvem inteiro. eu não sei como você consegue isso, mas eu gosto.
- eu gosto de abraçar você... (e riu...). mas olhe as minhas coxas, estão ficando flácidas e se você balançar assim ó, parecem gelatina.
- eu gosto das suas coxas e do formato roliço que elas tem. nem muito grossas, nem muito finas. são ideais para mim! e eu gosto quando você me entrelaça com as pernas e da forma esparramada que suas coxas tomam quando você se senta.
- quando eu ficar velha ai você verá o que é esparramada... porque tudo vai se esparramar em mim, em pé, sentada ou deitada.

Ele caminhou até ela
Tirou a roupa
Alinhou seu corpo nu com o dela
Ele atrás dela na frente do espelho
Roçou com a barba por fazer em sua nuca
Ela se arrepiou

- eu também tenho coisas que não gosto em mim, no meu corpo. mas eu adoro quando consigo, com ele, fazer você se sentir bem, se arrepiar, suspirar (ela sorriu de olhos fechados) e sorrir. eu gosto quando seu cheiro entra pelo meu nariz torto. eu gosto quando a sua pele toca nas minhas mãos que as vezes são tão ásperas. eu gosto quando o seu corpo liso e macio encontra o meu grande e desajeitado, cheio de pelos. eu gosto quando seus cabelos lisos ficam por cima dos meus bagunçados quando deitamos de costas um pro outro. eu adoro quando meus dedos compridos desenham seus contornos e quando as minhas pernas, mesmo finas, te sustentam com força.

Ela virou-se para ele e o futuro fora esquecido no presente cheio de tantos defeitos perfeitos para aquele momento.

3 comentários:

Anônimo disse...

Lindo,lindo,lindo!Me lembrou um certo casal ^^!

flor disse...

que coisa mais fofa.
me lembrou meu namorado me falando "é uma mulher normal", um dia reclamei sobre algumas celulites hauhauhauhah
enfim, muito bom.

um beijoo

Amanda Beatriz disse...

lindo. dá saudade de tanta coisa...
(suspiro)
beijo!