“se eu pudesse dar uma
melodia á nossa história, ela seria clair de lune - debussy”
na frente do
vidro da janela ela suspirou. o vidro frio se encheu do calor que vinha de
dentro dela e corou como só os vidros podem corar. ela riu dessa analogia.
fechou os olhos e a música inundou seus ouvidos. as lembranças bailaram em seus
olhos, e ela via tudo como se fosse uma mera espectadora da sua própria vida
que já havia passado. se encheu de saudade e não pode conter o perfume que veio
visitá-la. lembrou – se perfeitamente, como se aquela lembrança se
materializasse ali. o perfume suave pairou no ar. o sorriso. as mãos que tantas
vezes se entrelaçaram em dedos. as pernas que se combinaram perfeitamente, por
tantas noites. as vozes. as conversas. os risos. as despedidas.
ela ia
embora leve, como se flutuasse. ela odiava ir embora. adorava cada nova volta.
sorriu. abriu os olhos e uma paisagem tomou forma do lado de fora. o vidro que
outrora corou agora dava espaço á uma imagem leve e uma garoa despretensiosa
caia do céu. preguiçosa. suspirou novamente, de propósito, e no vidro acanhado
escreveu uma palavra que sumiria dali em alguns instantes, mas que nela estava
guardada e nela ficaria por muito tempo.
até que ela
mesma a soltasse ou até que se gastasse sozinha, se é que seria capaz de
gastar.
"era tudo tão suave e árduo ao mesmo tempo. tantas contradições, e eu dizia a mim mesma que aquilo tudo era apenas um ensaio, na vida, jamais seria real."
para P.
Um comentário:
Se perder nesses momentos e ficar por ali são tão bons ... As vezes o que é vivo e permanece em nós é mais feliz que a realidade ...
Bjs gata sumida
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